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MANUTENÇÃO PRESCRITIVA

Além dos tipos usuais de manutenção, largamente conhecidos, surge, neste momento da indústria, a MANUTENÇÃO PRESCRITIVA! Mas, o que é isto?

Por que a manutenção

prescritiva é o futuro da

indústria?

 

Um passo além da manutenção preditiva, a evolução prescritiva vem para ocupar o seu lugar no mercado com benefícios diretos para o processo de automatização da área industrial

Desde que o mundo passou por sua primeira Revolução Industrial, trazendo desenvolvimento, inovação e novos conhecimentos, os processos industriais não pararam de evoluir e cada vez mais as máquinas ocuparam seus lugares nas fábricas. Com isso, uma nova demanda surgiu: a manutenção de máquinas e equipamentos, já que para garantir um bom funcionamento e alta produtividade, a prevenção de falhas e correções torna imperativo o advento da manutenção.

Jornada de evolução dos sistemas de manutenção

Pode-se dizer que o homem desde os tempos das cavernas já desenvolve meios de correção para seus utensílios diários, mas foi a partir de 1914, com a Primeira Guerra Mundial, que as técnicas de manutenção se tornaram mais aprimoradas. A cada revolução industrial, com as novas tecnologias de produção surgem também novas abordagens de manutenção. Conceitualmente, pode-se classificar em quatro os tipos de manutenção praticados pela indústria.

Manutenção reativa ou corretiva, Manutenção preventiva, Manutenção preditiva.

Tais tipos de manutenção, são largamente conceituados tanto no cotidiano da manutenção das organizações quanto na literatura. Eles vem evoluindo e sua aplicação vem sendo melhor estudada de maneira a atender às reais necessidades dos ativos. Assim, nenhum dos tipos é melhor que o outro. Cada um tem seu espaço na organização da manutenção.

Neste momento, cm o advento da indústria 4.0, surge o conceito da Manutenção prescritiva: conhecida como o futuro da manutenção. Nessa abordagem a medição e a análise ocorrem remotamente e em tempo real, não havendo a necessidade de o técnico ir até o local onde está o equipamento apenas para avaliá-lo. Também não é preciso consultar os dados ou o histórico daquela máquina, já que o próprio sistema terá uma inteligência artificial tomadora de decisões, que integrando todas as informações da concepção do equipamento, do seu histórico de funcionamento e falhas, comparando estes com históricos de diversas outras máquinas similares em seu banco de dados, somadas às condições ambientais de temperatura e umidade, por exemplo, decidirá pela manutenção e/ou continuidade da operação. Desta forma, os técnicos poderão dedicar-se aos trabalhos de reparo e substituição de ativos.

Manutenção prescritiva: o futuro da manutenção

Ao pensar na jornada de evolução dos sistemas de manutenção, a prescritiva está no ponto mais alto, tecnologicamente falando. Nela, por meio de tecnologias, como “machine learning”, é possível acessar todos os dados registrados sobre a máquina, bem como todos os comportamentos de ativos semelhantes. Além disso, a maior vantagem da manutenção prescritiva é a tomada de decisão totalmente automatizada, com rapidez e exatidão. Quando pensamos na quantidade de dados do sistema e na estratégia da manutenção, a prescritiva está muito à frente. Por meio da utilização de multidados, os técnicos têm um número de informações muito maior e a chance de tomar uma decisão mais assertiva e embasada aumenta, ao invés de gastar tempo avaliando o equipamento e fazendo plano de manutenção.

As empresas que adotam uma estratégia da manutenção mais próxima a prescritiva podem transferir o esforço e tempo que seus técnicos geralmente gastam analisando dados para outra atividade que demande uma dedicação tão ou mais importante. Já na abordagem preditiva e com maior eficiência na prescritiva, tudo funciona como uma triagem médica, na qual a doença -- ou no caso, a falha -- é definida de acordo com sua criticidade, sendo assim definida a necessidade de ser consultada, ou não, por um clínico geral ou por um especialista. Portanto, a otimização do serviço de manutenção é vantajosa para o cliente que não pode permanecer com seu equipamento quebrado, e para o profissional, cuja rotina e equipe cada vez mais enxuta, o obrigam a ir direto ao ponto principal do problema, já com uma solução definida.

De acordo com a pesquisa da Confederação Nacional da Indústria -- CNI, até 2016, 63% das empresas utilizavam novas tecnologias digitais, e apenas 48% pretendiam adotar as inovações tecnológicas. A partir de 2018 houve um aumento significativo do interesse das empresas pela chamada “Indústria 4.0”, -- e o número passou de 63% para 73%. Ou seja, hoje, pelo menos 7 em cada 10 grandes indústrias pretendem ou utilizam tecnologias digitais em seu dia a dia - o que mostra avanço e uma maior preocupação dos setores industrial e empresarial. No entanto, é importante pontuar que até 2018, apenas 21% das empresas utilizavam tecnologias de coleta, processamento e análise de grandes quantidades de dados (big data), e somente 9% adotaram tecnologias de sistemas inteligentes de gestão, como a Inteligência Artificial.

A pouca utilização de tecnologias ligadas ao mesmo sistema que opera a manutenção prescritiva ocorre porque a maioria dessas empresas ainda está em um estágio inicial da Indústria 4.0, mas em contrapartida, existe um aumento da procura por tecnologias digitais e esse cenário tende a mudar. A manutenção prescritiva está firmando-se como uma das novas tecnologias digitais mais eficientes e trazendo resultados mais positivos para o setor.

Em 2017, o ARC Advisory Group realizou um estudo sobre a aplicação da manutenção prescritiva em turbinas. O resultado mostrou que essa aplicação reduziu em 50% o tempo de inatividade por manutenção corretiva, além da redução de 35% de acidentes graves, e o tempo de resposta ficou 25% mais rápido do que antes. Esse é apenas um exemplo dos benefícios adquiridos ao adotar esta modalidade de manutenção.

Quando pensamos nesse sistema totalmente integrado, com dados na nuvem, tomada de decisão automatizada, sensores que deixam o fluxo de trabalho mais rápido e os equipamentos de teste e medição funcionando com maior facilidade, é possível vislumbrar o futuro do setor industrial. O processo passa a ser mais inteligente e simples, atingindo assim a melhor funcionalidade das máquinas. Por mais que pareça algo ainda distante, essa tecnologia cada vez mais é uma realidade e está na hora de as empresas atentarem-se a este cenário para não correrem o risco de serem deixadas para trás. A manutenção prescritiva é de fato o futuro da manutenção.

Carlos Rubim, autor do artigo, é Gerente de Produto da Fluke do Brasil, companhia líder mundial em ferramentas de teste e medição compactas e profissionais.